sábado, 8 de maio de 2010

Pascoa, hoje, pode contecer todos os dias!

Queridos jovens da MDJ, a PAZ do RESSUSCITADO esteja com vocês. É com alegria, que na celebração da Páscoa do Senhor nos dirigimos a cada qual para desejar que a luz e a força do Senhor que rompe a morte e restaura a vida encontre lugar definitivo em suas vidas. 2010 é o ano da celebração dos 20 anos da MISSÃO DEHONIANA JUVENIL. Vamos celebrar com alegria e júbilo. Este á o ano de preparação para a nova edição da missão em Lavras. Agradecemos ao Pe. Elígio pela acolhido do projeto na Paróquia Sant’Ana. Acolhemos com alegria os membros da nova coordenação: Pe. Willians, Diác. Sílvio, Fr. João Paulo, Fr. Cleuber, Fr. Bruno, Cláudia Rosalina Adão, Viviane, Sara, Danton e Márcio. Desejamos as boas vindas e pedimos as luzes do Espírito para todos. A propósito, nosso estudo para o mês de Abril é a respeito do Espírito Santo. O Senhor ressuscitado concedeu-nos seu Espírito. Vamos colher e acolher seus dons e frutos em nossa vida. Estamos fechando a temática da próxima edição. A surpresa virá em breve. A todos os jovens e às suas paróquias desejamos todo bem e graça de um ano feliz. Nossa gratidão ao Pe. Augusto César Pereira que com carinho e atenção preparou todo o estudo deste mês.
A Coordenação Geral



Como fazer acontecer a Páscoa hoje?

Boa pergunta. Inclusive, porque parecia que Jesus tinha pressa. Ele garantiu ao criminoso crucificado com ele que o paraíso lhe seria dado “hoje” (cf. Lc 23,39-43). E a comunicação do Espírito que é a maior conquista da Páscoa de Jesus? Foi feita no mesmo dia da ressurreição (cf. Jo 20,19-23).
Hoje em dia, será Páscoa se nós fizermos acontecer a “pêssach”, ou seja, a passagem a travessia. A Páscoa dos judeus foi a travessia do Mar Vermelho, quando os judeus se tornaram libertos da escravidão no Egito e começara, a se formar povo de Deus.
A Páscoa de Jesus é também a nossa passagem do pecado e da morte para a vida nova da graça do amor de Deus.
E ainda, muito concretamente a Páscoa acontece sempre que nossa atividade de Amor transformar a verdadeira “situação de morte” dos irmãos que sofrem os efeitos da injustiça, para a situação de vida pelo respeito á sua dignidade.
A Páscoa, hoje, pode acontecer todos os dias!



OS MUITOS DONS DO ESPÍRITO SANTO


Origem dos dons

O texto original da Bíblia, em grego, enumera seis dons. O dom da piedade foi incluído pelo responsável da tradução do grego para o latim.
O que importa é considerar a quem foram dados os dons do Espírito Santo. Foram prometidos ao descendente de Jessé. Este Jessé é o pai do famoso rei Davi. O rei tinha os dons do Espírito de Deus para que fosse um rei justo e aplicasse a justiça em favor dos pobres (cf. Is 11, 1-9).


Os 7 dons um por um

Cada um dos dons, separado do conjunto, não é o Espírito Santo. Cada dom manifesta à sua maneira um aspecto do Espírito Santo. São Paulo afirma que existe “um só e mesmo Espírito” (cf. 1Cor 12,1-11).
Portanto, os sete são um só dom do Pai e do Filho como fruto da ressurreição de Jesus Cristo. O dom é o Espírito dado de graça. O merecimento é de Cristo.
O Espírito Santo é o Amor com que o Pai ama o Filho e o Filho retribui ao Pai. O Amor não se divide em sete parcelas. O Amor se manifesta de sete maneiras.
Os dons do Espírito Santo são distribuídos a diferentes pessoas para usá-los em beneficio da construção da comunidade (cf. 1Pd 4,7-11). A Bíblia mostra que, sempre, o Espírito do Amor é dom dado na comunidade e destinado para a comunidade!
O que apresento a seguir ajuda a entender o significado de cada um dos dons.
1) Sabedoria

Este dom tem dois aspectos: sabor e saber.
♥ A sabedoria é o sabor da vida que a gente do povo mais simples tem e cultiva. São as máximas e ensinamentos na arte do bem viver e nas diversas maneiras de encarar dificuldades como as doenças e os acontecimentos inesperados e os inevitáveis.
É a capacidade de descobrir e valorizar o que há de bom nas pessoas e se aproveitar disso, sem preconceito pela origem.
Dá sentido para a vida: direção e significado para a vida. Sabedoria é saborear, é gostar da vida, estar de bem com a vida. É como o sal que tempera; como o açúcar que adoça. Dá sabor à vida: não se afasta da realidade imunda; penetra para transformá-la, não apenas para purificá-la.
O bom senso é fruto da sabedoria. É a experiência acumulada da pessoa e do povo, como os Livros Sapienciais da Bíblia e a sabedoria dos idosos. Descobre os caminhos de Deus no Evangelho para a felicidade.
Mantém a identidade do povo, pela vivência dos costumes e tradições próprias contra o ataque de culturas dominantes que querem impor-se às outras.
A sabedoria gera a vida e mantém a vida.
♥ A sabedoria do saber se adquire pelo estudo, pela pesquisa das ciências da natureza ecológica, da natureza humana e de natureza teológica – as ciências exatas, as ciências humanas e as ciências teológicas.
São três grandes livros à disposição do estudioso: o livro da natureza ecológica, o livro da natureza humana e o livro da natureza de Deus. A palavra “NATUREZA” revela o essencial daquilo que procuramos descobrir, pesquisamos e lemos.
A pessoa estudiosa em qualquer nível de estudo tem tudo para chegar a Deus. O cientista Luiz Pasteur dizia que “a pouca ciência afasta de Deus, a muita ciência aproxima de Deus”.
Por isso, pelos seus estudos – pela profissão - o jovem dehoniano progride no conhecimento de Deus, do humano e da ecologia.
● O dom da sabedoria manifesta o Amor promovendo os valores que dão sentido à vida na sua mais vasta expressão.

2) Discernimento (inteligência, entendimento)

É o exercício de pensar, refletir, ponderar e pesar causas e efeitos para aprender – do latim “díscere”.
É a capacidade de assimilar conhecimentos para torná-los um estilo de vida.
Discernir é distinguir entre o Espírito de Deus e o espírito do mundo. Distingue entre o que corresponde ao projeto de Deus e o que é contrário a ele.
O que servir para unir as pessoas é do Espírito Santo; o que desunir é do mal.
Consegue perceber os sinais dos tempos pelos quais Deus se manifesta, e tem capacidade de interpretar esses sinais na sua fé. Une a fé e a razão para entender os sinais da presença de Deus na história humana.
O discernimento também é comunitário. Iluminada pela Palavra de Deus, a comunidade distingue claramente os apelos de Deus. Os apelos de Deus provocam ações que transformarão as necessidades dos pobres.
Dá razões para viver. Equilíbrio. Senso crítico para evitar alienação. O discernimento pessoal e o comunitário desenvolvem a mentalidade formada com a referência para Deus e os irmãos.
Tem sensibilidade para o apelo que brota da triste vida dos pobres.
● O dom da inteligência manifesta o Amor pela capacidade de discernir sempre o que é o Espírito de Deus.

3) Conselho

Tem abertura para o outro: sabe ouvir e tem disponibilidade de tempo para se dedicar a ouvir o outro; respeita/acolhe o diferente e encontra valores nele.
Sabe fazer perguntas que ajudem o outro a se conhecer e poder melhor se abrir ao diálogo fraterno. Capacidade de compreender o outro: entende as razões de o outro ter feito ou deixado de fazer alguma coisa.
Abre pistas, acena para novas metas a perseguir e alcançar. Sensibilidade e acolhida que amam a realidade sem alienação.
Ecumenismo: não resiste ao Espírito. Acaba com o preconceito de religião, de raça e de classe social.
Serviço gratuito, solidariedade, voluntariado.
Incentiva a sensibilidade em oposição à indiferença.
● O dom do conselho manifesta o Amor pela acolhida ao outro, e se dispondo ao serviço voluntário, gratuito e solidário à comunidade, especialmente aos mais pobres.

4) Fortaleza

Coerência de princípios entre a fé e a prática.
Transparência, lealdade.
Firmeza de princípios. Fidelidade aos compromissos. As pessoas se comprometem com as mesmas causas que Jesus defendeu e em testemunho delas, foi martirizado.
Certeza da presença de Deus pela experiência feita em Deus. Confiança inabalável que não permite que se duvide ou desanime da adesão ao projeto de Deus pela fé.
É profeta: denuncia o que estiver contra o projeto de Deus; anuncia com convicção o que acredita; mantém e infunde esperança.
Fidelidade ao projeto: firmeza, segurança, coragem sem jamais perder a ternura.
Confirma os fracos e vacilantes ou desanimados. Resistência contra as tentações que querem desviar do projeto; contra o comodismo e o medo.
● O dom da fortaleza manifesta o Amor na fidelidade ao projeto amoroso do Pai.

5) Conhecimento

Clareza de que o Pai tem um projeto para a humanidade. Está sempre aberto para o novo de Deus, para alargar o conhecimento desse projeto.
É capaz de deixar-se questionar sobre suas convicções: não se fecha em si próprio; não se recusa a ouvir questionamentos que possam levar a mudança de certezas ou atitudes.
Faz do conhecimento a fonte e o motivo da adesão ao projeto.
Criatividade para responder, com o projeto, aos diversos desafios e necessidades das pessoas e das comunidades.
Constroi a comunhão que é o objetivo do projeto. É saber coisas a respeito do Pai; mais porém, é ter intimidade com ele. É ver o Pai, as pessoas, a natureza e a vida em suas razões de ser mais íntimas, por dentro.
Encara todas as coisas criadas na sua relação com Deus: “Sei que em Deus, posso depositar minha confiança” (Ef 3,12).
● O dom do conhecimento manifesta o Amor na descoberta do projeto comunitário do Pai e desperta o compromisso com esse projeto.

6) Temor a Deus

É o respeito a Deus.
Coloca Deus como a referência maior. É fonte de convicções. Dá as razões das atitudes, das decisões, do ser e do viver. Recusa-se a fazer do dinheiro, do prazer e do poder os critérios da felicidade.
A justiça de Deus não condenação; Deus provoca os injustos para a conversão.
Em vez de não ao pecado, valoriza o sim ao Amor!
Reverencia o Pai; cultiva profunda veneração por ele. Impede de desonrar a reputação e o bom nome do Pai perante outras pessoas.
A experiência do Amor do Pai motiva a amá-lo; a amar como ele ama; a amar os que ele ama; sem ousar excluir do Amor os que o Pai inclui no Amor dele.
● O dom do temor de Deus manifesta o Amor colocando Deus como o maior valor de referência da vida humana e do relacionamento entre os humanos.

7) Piedade

Ter gosto pelas coisas de Deus.
Encontra Deus e os irmãos na oração, meditação e reflexão. Faz da oração a fonte inspiradora de atitudes diante dos irmãos; dos acontecimentos da vida e da ecologia pródiga.
Mantém o entusiasmo, isto é, tem Deus no coração. Mantém tranquilidade diante de qualquer situação, pela paz interior haurida no contato com Deus.
Cultiva autenticidade no relacionamento com o Pai e os irmãos.
Leva ao encantamento pela contemplação das surpreendentes manifestações de Amor do Pai.
● O dom da piedade manifesta o Amor proporcionando a experiência da presença de Deus nas pessoas, nos acontecimentos e na natureza.

Para novas necessidades, novos dons

O Espírito não é estático, isto é, não pára de agir. De maneira que, para as necessidades de hoje, ele apresenta novos dons. Sugiro uma lista deles que você poderá ampliar conforme a sua necessidade e da sua comunidade.

8) Discípulo e missionário - é o dom de conhecer Jesus Cristo e apaixonar-se por ele; e se fazer missionário para levar esta experiência a outras pessoas.

9) Amor oblativo - é o dom da vocação para viver o carisma da oblação/entrega/doação por Amor, a exemplo de Cristo, na proposta dehoniana.

10) Solidariedade – é acudir às necessidades dos irmãos colocando-se por dentro da situação dele. Como fez Jesus encarnando-se como gente, para salvar a gente dentro de nossa humanidade.

11) Liderança – é liderar no serviço de fazer os liderados crescerem como pessoas. O líder exerce a liderança/autoridade no espírito do Lava-pés.

12) A evangélica opção preferencial pelos pobres – Bem vivida em nossos dias, é um sinal da presença do Reino (CNBB e RCC 51).

13) O martírio por causa do testemunho – Isto é, a pessoa que testemunha a caridade, a justiça, a fraternidade e a solidariedade será alvo de perseguição e até terá que dar a vida por suas atitudes e convicções.

14) A fidelidade à Igreja - A fidelidade aos princípios, aos valores e à doutrina da Igreja acarretam a difamação, o escárnio e as humilhações por manter a fidelidade ao “depósito da fé”.

15) Outros dons que a comunidade discernir para testemunhar hoje – Por exemplo: os direitos humanos, o respeito pela natureza, a eliminação da fome pela prática da justiça, a defesa e a promoção da vida em todos os seus estágios e em todos os seus aspectos, a liberdade religiosa e de sua manifestação pública, o ecumenismo e o diálogo interreligioso, etc..

Consideração final

Desde a Ressurreição de Jesus Cristo (Jo 20,19-22), o pecado foi vencido e nós vivemos “o tempo do Espírito Santo”! O Espírito Santo é o Amor. No tempo do Amor, não fale mais em pecado. Porque só o Amor dá sentido à vida.
São Paulo garante que somos “templos do Espírito Santo”, porque o Espírito habita em nós (cf. Ef 2,11-22; Rm 7,141-7; 1Cor 3,16; 2Cor 6,16-17; 5,8; Tg 4,5).
O dom do Amor do Espírito Santo nos é dado no Batismo e confirmado na Crisma. Dessa maneira, os batizados e crismados recebemos o Espírito inteiro, com todos os dons. Não há necessidade de pedir tais dons. O desafio é desenvolvermos os dons que já temos.
Dessa consideração, brotam duas atitudes indispensáveis. Uma é a alta consideração e o profundo respeito que devo ter a mim mesmo; a outra: a mesma consideração e o mesmo respeito eu devo ter para com todas as demais pessoas.


O Coração solidário de Jesus
- e o meu -

Quando falamos de “coração” de Jesus não nos referimos ao coração de carne e músculos como o nosso e o dele também. Para nós, o coração simboliza os sentimentos da pessoa. Como quando falamos “coração de ouro” ou “coração de pedra”.
Então, o “coração” de Jesus representa os bons sentimentos da pessoa de Jesus Cristo. Entre esses bons sentimentos, tenho para mim que um deles para o homem moderno seja a solidariedade.
Aí perguntamos o que é a solidariedade. Uma pessoa solidária é a que assume a situação do irmão(ã) para, então, poder ajudá-lo(a) de acordo com a necessidade do momento. Por exemplo, chorar com o que chora, sorrir com o que sorri, sofrer o que o outro sofre, alegar-me com o sucesso alcançado pelo outro e sentir com o fracasso. O importante é mergulhar no sentimento de alguém e ajudar a partir do outro(a) não a partir do que eu acho que deva ser minha ajuda. A necessidade do outro(a) vai indicar qual e de que tipo deverá ser a minha ajuda.
Jesus foi assim. O Evangelho está repleto de episódios em que ele se condoia ao dar ajuda às pessoas. O maior gesto da solidariedade de Jesus foi o de ele, para salvar a humanidade, querer fazer-se humano. Como se ele dissesse que, de fora, não teria todas as condições de entender a situação humana. Para nos compreender por dentro, ele se fez gente como nós em tudo, menos no pecado.
No modelo de Jesus, eu creio que nós dehonianos somos os indicados para tentar uma resposta solidária com a ansiedade do homem de nosso tempo. O homem desiludido com as promessas da tecnologia em ele acreditou como capazes de torná-lo feliz; decepcionado com a falta de respostas às suas perguntas angustiadas sobre a sua origem e seu destino... o homem busca inconsciente quem seja solidário com ele. E nós, dehonianos, gente entre nossa gente, temos o coração de que o homem precisa como um órfão em busca do pai.
Para cada qual de nós se apresentar solidário(a) com algum(a) amigo(a) é importante aproximar-se despojado(a) de suas certezas e “incorporar” o momento do outro(a). Como o Coração de Jesus fez conosco.

Pe. Augusto César Pereira SCJ
Dehoniano

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