segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aos Jovens

São Paulo, dia 10 de agosto de 2010

Padre Dehon e as Juventudes
“As obras em que a juventude não participa
estão fadadas à esterilidade” (Padre Dehon).

Introdução
Caros confrades, o que lhes escrevo, por ocasião do aniversário da morte de Padre Dehon, ou de seu nascimento para a glória, não é nenhuma especialização, apenas partilha de inquietação. Juventude ou Juventudes é, quase sempre, tema altamente significativo nos âmbitos eclesial e social. “Nem sempre podemos construir o futuro para nossa juventude, mas podemos construir nossa juventude para o futuro”, dizia Franklin Roosevelt.
Para começar, os estudos relativos às Juventudes alertam para duas premissas. Primeiramente, não se pode generalizar nem uniformizar a realidade juvenil. Há muitos aspectos para qualificar e classificar o mundo dos jovens. Logo, trata-se de juventudes plurais, tão plurais quanto as culturas e as realidades onde os jovens vivem. Em segundo lugar, existe uma grita geral contra a tendência de reduzir a juventude à fase passageira ou etapa relativa à idade adulta, como se esta fosse propriamente vida, ao passo que aquela seria apenas dela preparação. A ênfase, portanto, vai não ao que serão os jovens, mas para o que eles são. A preocupação primeira é, pois, sobre o sentido que as juventudes têm, agora, nas sociedades atuais e como a Igreja (e com ela a Congregação) se lhes torna interlocutora crível em favor da vida.
As juventudes na vida de Padre Dehon e de nossa Província
Por que o assunto vem à baila no dia de Padre Dehon? Por dois motivos, ao menos: porque é inadiável o compromisso eficaz e concreto com os jovens; e, porque, enquanto Congregação, bebemos inspiração no Fundador, homem qualificado no trato com as juventudes.
Qual importância Padre Dehon atribuiu às Juventudes? Por ora, o mais importante não é saber o tanto que sobre elas falou, mas o quanto com elas se ocupou. Recordemos algumas de suas múltiplas iniciativas juvenis: o Patronato São José, o Círculo Operário de São Quintino, a Conferência Vicentina, a Congregação Mariana... Destaque singular vai ao Colégio São João e, naturalmente, à própria Congregação. Tem razão nosso Fundador ao declarar que “Deus brindou a juventude com os elementos que servem para as grandes empresas: entusiasmo, força e generosidade”. Tais qualidades ele as teve e soube individuá-las na juventude ou nela incuti-las.
A sensibilidade com a juventude marca, também, O Programa da Administração Geral 2009 – 2015 que, nas “Atividades por setores”, reserva o ponto C.5 à pastoral juvenil. Logo a seguir ocupa-se com a pastoral vocacional (C.6). Em decorrência disso, os conselheiros gerais responsáveis por esses setores (em carta de 21/06/10) solicitam informações relativas às atividades e êxitos das entidades congregacionais nas referidas áreas de evangelização. A propósito, oportunas palavras de incentivo vêm-nos de DAp 315 e do Seminário Missio Cordis (Mensagem Final, 16), realizado em Brusque, em abril do ano em curso.
Perguntamo-nos, também, sobre as atividades de nossa Província com as juventudes. Qual nossa presença no meio juvenil? Assinalo três espaços privilegiados de compromisso: nossas casas de formação, repletas de jovens, a dinâmica e promissora Missão Dehoniana Juvenil e nossas paróquias.
Interpelações e estratégias
Inquieta-me a generalizada dificuldade para encontrar formas de trabalhar com as juventudes que frequentam nossas comunidades paroquiais. Há outro desafio não menor: como evangelizar as juventudes que estão distantes e alheias à presença da Igreja? Se o futuro da Igreja passa pelas juventudes é também verdade que o futuro da verdadeira juventude cristã não pode prescindir da Igreja. Como, porém, evangelizar o desconhecido mundo jovem ausente da Igreja se nem mesmo conseguimos nos sintonizar e envolver adequadamente os jovens presentes na Igreja?
Na última assembleia da CRB nacional, em Brasília (julho/2010), apresentou-se a missão de religioso(a)s em novas formas de aproximação com as juventudes. A cobrança foi no sentido da gratuidade. Em geral vamos ao encontro dos jovens em vista do “arrebanhamento” de vocações. A postura mais urgente, benéfica e coerente será a de ir pelo que somos (religiosos, católicos, cristãos, humanos) e pelo que nos move (o amor recebido a ser condividido), gratuitamente, sem depender do retorno, tal como fez Jesus, o Homem de Deus inteiramente dedicado aos outros.
O que fazer? Como proceder? Talvez a solução mais viável e possível é a de celebrar parcerias com outras Congregações e escolas, com as políticas públicas para as juventudes, com instituições e ONGs devotadas ao atendimento juvenil, no uso da comunicação midiática do mundo jovem. Recomendo a (re)leitura de dois bons subsídios relativos ao tema que nos ocupa e preocupa: - CNBB, Evangelização da Juventude (Doc. 85); - CRB, Juventudes, o exercício da escuta no processo de aproximação. No Site do “Setor Juventude” da CNBB há, em power point, duas apresentações do referido Documento 85 da CNBB.
Meus votos e preces são para que nos inspiremos na ousadia, lucidez e profecia de Padre Dehon em favor das juventudes possibilitando-lhes serem sujeitos, conosco, da missão. Sejam todos pelo Senhor das Vocações acolhidos e pela Mãe das Juventudes protegidos!

Pe. Mariano,scj.

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