sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Discipulado Vinculante


A Igreja nos convida no hoje da história a nos aprofundarmos no discipulado. De modo especial, o missionário dehoniano deve fazer esta adesão a Cristo Mestre, tornando-se discípulo Dele.
O seguimento de Cristo é caracterizado pela experiência numa comunidade de discípulos marcada pela amizade fraterna. A primeira comunidade foi constituída, conforme João, num profundo contato familiar e doméstico: “Mestre, onde moras? Vinde e vede! Foram, viram onde morava e permaneceram com Ele” (Jo 1,38-39).
Baseado neste texto podemos perceber elementos fundantes do discipulado vinculante.
O primeiro elemento do discipulado vinculante ontem e hoje é a capacidade de reconhecer Jesus como Mestre. Jesus chama atenção pelo seu jeito de ser e viver, pelo seu olhar de amor, pela sua acolhida para com os excluídos da sociedade da época e pelo Reino de Deus que ele anuncia. É Mestre porque é verdadeiro, não se deixa influenciar por ninguém, não olha a aparência das pessoas e ensina segundo a verdade o caminho de Deus (cf. Mc 12,14). Por isso, os primeiros discípulos “se sentiram atraídos pela sabedoria, pelas palavras de Jesus, pela bondade de seu trato e pelo poder de seus milagres”[1]. Também hoje a pessoa de Jesus, apresentada no Evangelho, deve despertar esta atração no desejo de ser conhecido e compreendido, amado e valorizado. Este deve ser um dos ideais da MDJ!
O segundo elemento é fruto deste desejo de Deus que leva a pessoa a ouvir o grande e belo convite de Jesus: “Vinde e vede”. A residência de Jesus é casa e escola de discípulos e, portanto, de comunhão. De fato, “Jesus convida a nos encontrar com ele e a que nos vinculemos estreitamente com Ele”[2]. O discípulo se torna irmão de Cristo[3], membro da família de Deus[4]. Entretanto, é Jesus quem chama aqueles que Ele quer para estar com ele (cf. Mc 3,13-15). “Desde o início, Jesus associou seus discípulos à sua vida, revelou-lhes o Mistério do Reino, deu-lhes participar de sua missão, de sua alegria e de seus sofrimentos”[5]. Os discípulos de outrora e de agora são chamados para a intimidade com Cristo, a fim de conhecê-lo, experimentar e acolher seu amor bem como para amá-lo. Por isso torna-se imprescindível ao discipulado a experiência da oração e da celebração, especialmente no período de preparação à missão.
Ao convite, chamado do Mestre, corresponde a resposta e a disponibilidade do discípulo, terceiro item do discipulado vinculante. Os primeiros discípulos foram e permaneceram com Jesus; tornaram-se amigos e irmãos dele, uniram-se à nova família de Jesus. Permanecer significa participar da vida e do projeto de Cristo, que inclui o entusiasmo pelo anúncio permanente desta experiência de intimidade com o Mestre e sua família, elementos que caracterizam o Reinado de Deus e a realização do projeto da vida em plenitude (cf. Jo 10,10). Do mesmo modo, os discípulos hodiernos se vinculam a Cristo quando respondem positivamente ao chamado e permanecem fiéis, procurando viver com alegria o testemunho de sua relação familiar com Jesus e servindo-o no rosto dos menos favorecidos da sociedade.
É preciso destacar aqui que os discípulos de Jesus nunca se tornaram nem se tornarão mestres, pois um só é o Mestre (cf. Mt 23,8); tornam-se, sim, testemunhas do Mestre, na vivência da fraternidade. A riqueza do discipulado vinculante está no fato de ser seguidor contínuo de Mestre, necessitando sempre de novo, encontrar-se com Ele (cf. Mc 6,30ss). Na decisão do seguimento de Cristo centra-se o valor da fé.
Assim, “conhecer a Jesus [como Mestre] é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado [na experiência do vinde e vede] foi o melhor que ocorreu em nossas vidas; e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras [permanecendo com ele] é nossa alegria”[6].

Fr. Diomar Romaniv, scj


[1] DAp 21.
[2] DAp 131.
[3] Cf. CEC 654.
[4] cf. CEC 2233.
[5] CEC 787.
[6] DAp 29.

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